sábado, 28 de janeiro de 2012

Poeminha sentimental
Mario Quintana

O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.


Obs. na foto não é uma andorinha, e nem o fio é telegráfico.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Verde do futuro

Incrível como as coisas são, e como diria um velho amigo meu “as coisas são assim desde os tempos da caverna”.
Se eu quero, eu pego, se eu não pego é porque não posso.
Se eu pego e não é meu, é roubo. Vou preso.
Se eu pego o que não é meu, e reparto com outros que assinam dizendo que assim deve ser, é nossa pseudo Democracia.
Se pegam o que me foi roubado, e dizem que não mais me pertence nem nunca me pertenceu, falo com quem? Vou chorar aonde? Chorar pro bispo? como? se a mão dele também estava marcada na caneta dos que estavam assinando.
Quando poucos já têm quase tudo e não querem me deixar nada, o que fazer?
Se poucos já têm quase tudo, e acreditam que o que precisam mesmo é de tudo, e acreditam que os muitos não merecem nada, o que fazer?
Não sei o que fazer. Essa é a “nossa Democracia” de sempre, mas também, nossa Democracia do período de copa do mundo.
Pro inferno Jabulani, pro inferno Kaka, Robinho, Fabuloso.
Fabulosa é nossa mídia. É nossa atenção ao que nos cerca e que nos pertence, à nossa mãe que está sendo dilacerada no plenário ao lado. Mas ninguém ouve. Porque o sereno e doce som da bola que rola enfeitiça, cativa, encanta, ensurdece e cega.
Que os verdes dos gramados sejam nossos verdes do futuro. Que os verdes da Monsanto sejam nossos verdes futuros mais do que já o são no presente.
Que toda a água que tenhamos pra beber seja suja, podre e cara. E, que a terra que ainda restar, vomite os corpos dos elegantes senhores, vestidos de terno, que pegam canetas douradas para roubar nossa saúde, nossas maiores riquezas e o futuro de nossos filhos, netos e bisnetos. Tudo agora, pra ontem se possível. Porque ninguém pode esperar, eles jamais ficam esperando.
Que nossos verdes do futuro, sejam bem verdes na televisão. Que sejam verdes.
(Comissão especial na Câmara dos Deputados, 06/07/2010. Por 13 votos contra 5 foi aprovada a alteração do Código Floresta, Lei 4771/65.)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O grão

Caiu um grão no chão
O grão caiu da mão
O chão abraçou o grão
Sendo o solo seu colchão
Veio a vida em vocação
E rompeu-se a casca do grão
Aos poucos, vegetação
Mais um tempo, floração
Fechou-se o ciclo então
Com o encontro do grão com a mão
Veio a vida em vocação
A boca comeu o pão.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Tudo começa com um ponto

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Tudo começa com um ponto


Será que foi o olhar pontual dos meus olhos nos teus?


Olhar este, que, de tão discreto não foi nem percebido por ti?


Ou será que foram os pontos de interrogação sobre mim, semeados por tua amiga?


Se tudo começa com um ponto, e ao longo do percurso o espaço entre os pontos se encurta


o ponto vai se tornando linha? Linha tênue, pra não dizer invisível, que me amarrou sem que


nada pudesse ser feito para evitar. Antibióticos são para os que têm medo da vida.


Deve-se evitar somente o que não for composto por pontos, linhas e curvas.


No mais, que venha, será muito bem recebido. Como esse nosso amor.


Semeado por sei lá quem? Sei lá quando? E regado por teus olhos.


Como tudo na vida, e consequentemente na natureza.


Tudo é cíclico, sendo cíclico se transforma, cresce.


Depois disso se divide, se procria, multiplica-se.


Aos poucos se prepara para deixar de existir


E como esse louco poema, quebrado.


Vai diminuindo, com o tempo.


E se prepara para, sempre,


Se acabar com um ponto.


Não final, mas sim,


Reticências...


Vida...


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As verdes folhas

Quando as verdes folhas

Não mais caírem ao chão

Ai sim, poderemos comemorar

A verdadeira consagração

Entre pais e filhos

Entre homens, mulheres e irmãos


Quando as verdes folhas

Não mais caírem ao chão

Ai será tempo de paz

De alegria, satisfação

Será tempo de vida

De fé entre homens, mulheres e irmãos


Quando as verdes folhas

Não mais caírem ao chão

Igrejas e templos estarão vazios

E abandonada a televisão

Será realmente a vida

Operando sem religião

Sem mais desculpas

Sem mais omissão

Sem mais gritos de protesto

Nem pedidos de perdão

Haverá realmente amor

Entre homens, mulheres e irmãos


Quando as verdes folhas

Não mais caírem ao chão

Será tempo da vida, em reconciliação

Será tempo de frutos

Alegrias, amizades, compreensão


Quando as verdes folhas

Não mais caírem ao chão

Eu não sei onde andarei

Mas com certeza viverei

Fazendo desta

Sempre a minha oração.